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Já se faziam alguns dias que Aria estava naquela escola nova, trancada a aquelas paredes de concreto e ouvindo toda aquela baboseira bruxa sem sentido, pra que girar um pedaço de pau para fazer mágica, nas águas de onde viria bastava cantar para obrigar alguém a fazer algo, ainda não entendia porque sonore era tão fascinado por aquele lugar, aquelas pessoas, aquelas pessoas apenas serviam para fazer o sonho de Aria ser comparado a nada, afinal do que adiantava ser a princesa de um reinado de bichos. Queria assumir o trono e ser respeitada e não comparada a um animal estúpido e nojento.

Quanto mais pensava mais aquela comunal se tornava tóxica para a loira que simplesmente desistia, desistia de tentar seguir aquelas regras idiotas, podia ouvir os animais do lago, podia ouvir o barulho da água, porque teria que ser obrigada a viver sufocada naquelas pedras? Dessa forma se levantou em um pulo, pegando apenas o manto de sua casa e colocando sobre o pijama que usava, afinal a comunal sonserina era úmida, mas ainda sim não chegava a ser um problema para a pele de Aria, apenas a fazia sentir ainda mais o desejo de sair.

Dessa forma em passos lentos e silenciosos a menina caminhava para fora da comunal, deixando uma de suas preciosidades cair ao chão, uma pequena concha rosada que gostava de levar consigo e banha-la nas águas em que se banhava, era uma forma de se sentir mais próxima de casa. Porém a loira não percebia o item cair de seu bolso e apenas caminhava para fora daquela porta, colocando o gorro de seu manto e caminhando pelos cantos onde não havia luz de forma silenciosa, se esgueirando contra as paredes.

Medo não era algo que Aria sentia ao quebrar uma regra bruxa, na verdade se sentia mais livre e viva, ainda mais sabendo que o caminho resultaria em um belo mergulho. Dessa forma não esperou chegar a uma das portas do térreo, apenas abriu uma das janelas e pulou pela mesma, caindo num gramado e se escondendo em um arbusto, dando um tempo para ver se ninguém havia percebido seu mínimo barulho. Vendo que havia sido bem sucedida dessa vez, a menina caminhava por um tempo com cuidado até chegar a uma parte mais longe do castelo, para assim sair correndo para o lago negro o mais rápido que conseguia com aquelas pernas estranhas.

Ao chegar às margens do lago a loira não perdeu tempo, primeiro se livrou de suas pantufas, em seguida de sua calça, calcinha, manto, blusa e sutiã, ficando completamente nua a margem do rio e deixando suas roupas fazendo aquela pequena trilha pela água, com exceção de seu manto sonserino, este a garota colocava a margem do rio antes de correr para suas águas se rendendo a aquela tentação.

Com a água tocando seus pés a menina já pode sentir os cortes se abrirem em seu pescoço de ambos os lados, a fazendo sorrir com a dificuldade de respirar como um humano, precisava ainda mais da água, enquanto isso seus olhos iam perdendo a cor, ficando totalmente brancos e seu cabelo perdendo a tintura rosada ficando brancos, assim com sua pele ficava ainda mais pálida, até mesmo um tanto acinzentada. Olhava assim para suas mãos com aquelas membranas que cobriam seus dedos e logo mergulhava já sentindo a pior parte da transformação acontecer, seus ossos das pernas se reorganizarem enquanto ambas se uniam para formar sua bela e azulada cauda e parte das sobra desses ossos saiam por sua testa em dois enormes chifres dourados, para em seguida sentir a água arrancar sua pele lentamente, como se fosse uma pele morta, que dava espaço a suas belas escamas azuladas tanto em partes de seu rosto, como em seu braço e sua cauda. Com isso Aria respirou fundo por suas guelras, inalando a água e tirando dela o oxigênio necessário para em seguida expelir pelo mesmo sistema, isso a fazia sorrir, afinal finalmente era ela mesma. Assim fechava os olhos por um breve momento levando ambas as mãos aos seios e as juntando sobre um colar que sempre carregava pendurado em seu pescoço, a cauda de uma sereia que a permitia colocar fotos, para em seguida falar baixinho em sereianico dentro daquelas águas.

- Ah Sonore… Como eu queria que você estivesse aqui comigo… eu me sinto tão solitária longe de você…

Dessa forma mesmo que estivesse mergulhada nas águas pode sentir aquelas gotas que escorriam de seus olhos e se misturavam com a água do lago, se sentia como se estivesse em casa mas completamente sozinha e abandonada, fazendo talvez aquele perigo todo que tivesse passado nao ter valido a pena, afinal… ainda não se sentia feliz.